Editorial

Rafael de Luna Freire e Eliany Salvatierra

Resumo


As doze monografias que fazem parte desta edição de Rascunho foram selecionadas dentre aquelas defendidas no segundo semestre de 2014 no curso de Cinema e Audiovisual da UFF, revelando a excelente produção deste período. Como de hábito, além da diversidade de temas e abordagens, a Rascunho permite a divulgação de monografias que reforçam áreas especialmente férteis na produção de alunos e professores do curso de cinema, tais como a análise do som no audiovisual, a relações entre cinema e outras artes, a interface entre a educação e o audiovisual, os estudos dos gêneros cinematográficos e a análise crítica da produção cinematográfica nacional e estrangeiro.

No âmbito de análises intermidiáticas, a monografia de Kaoê Catão Ramos, orientado pelo Prof. Dr. João Luiz Vieira, analisa as convergências entre a linguagem das histórias em quadrinho e do cinema, tomando como objeto de estudo os filmes hollywoodianos Hulk (Ang Lee, 2003) e Scott Pilgrim contra o mundo (Edgar Wright, 2010).

Nesse mesmo enfoque, mas abordando um outro tipo de produção, Caio Neves de Castro, sob a orientação do Prof. Dr. Maurício de Bragança, traça relações entre o cinema documentário brasileiro e a arte contemporânea, tomando como ponto de partida a obra de Cao Guimarães, cuja circulação ocorre tanto em salas de cinema quanto em museus e galerias.

Trazendo outras áreas do conhecimento para dialogar com o audiovisual, Bruno Forain Marques analisa os filmes de vida selvagem dirigidos pelo cineasta sueco, posteriormente radicado no Brasil, Arne Sucksdorff, em monografia orientada pelo Prof. Dr. Fabián Núñez que une os interesses de seu autor por ecologia e por cinema.

No campo dos estudos de gêneros, a monografia “Eu não sou eu: filmes de estrada contemporâneos”, de Matheus Peçanha Navarro Oliveira, orientado pela Profa. Dra. Elianny Salvatierra, discute os filmes de estrada a partir de um conjunto de obras brasileiras das últimas três décadas, problematizando a conceituação do road movie e discutindo-o em relação a questões afeitas à sociedade contemporânea. Também no viés dos gêneros, a monografia “Feminino monstruoso: negociando um corpo abjeto”, de Mariana Ramos Vieira de Sousa, orientada pela Profa. Dra. Mariana Baltar, analisa o discurso que associa o corpo feminino a uma figura monstruosa, discutindo o horror e o melodrama.

Duas monografias revelam também a profícua produção intelectual em disciplinas tidas como práticas na realização cinematográfica. Orientado pela Profa. Dra. Elianne Ivo, Daniel Soares Abib concentra sua análise sobre a narrativa do filme O cavalo de Turim (Béla Tarr, 2011), num estudo fruto de uma reflexão teórico-prática sobre a montagem. Por sua vez, concentrando sua análise na direção de arte da série televisiva Game of Thrones, Julia Rothier de Mattos, orientada pela Profa. Dra. Índia Mara Martins, faz um estudo teórico-crítico da construção visual de uma das mais populares produções audiovisuais da televisão contemporânea, destacando o papel do design nesse tipo de obra.

O cinema brasileiro mantém seu espaço tradicional. Sob a orientação do Prof. Dr. Maurício de Bragança, Nara Franzini Dip discute em sua monografia as fronteiras físicas e culturais da América Latina através da análise de três documentários brasileiros: Pachamama (Eryk Rocha, 2010), Caroneiros (Martina Rupp, 2006) e Do outro lado do rio (Lucas Bambozzi, 2004). Já Rodrigo Augusto Ferreira de Moraes analisa a obra do diretor Carlos Reichenbach sob a ótica da representação do feminino, do erotismo e da atuação das mulheres no mercado de trabalho. Orientado pela Profa. Dra. Marina Cavalcanti Tedesco, a monografia aborda filmes de diferentes momentos da carreira do cineasta brasileiro.

O estudo do som ganha relevância na monografia de Thiago de Castro Sobral, orientado pelo Prof. Dr. Fernando Morais da Costa, cujo tema é a obra da compositora Hildegard Westkamp e seu trabalho nos filmes do diretor norte-americano Gus Van Sant. Discutindo as relações entre música e ruído, o trabalho analisa, em especial, o filme Elefante (Gus Van Sant, 2003).

Outro tema que mantém sua presença regular na Rascunho é o dos estudos de políticas públicas do audiovisual. Nesse viés, Caio Duarte Kelly analisa o conceito de cidadania cultural, cunhado por Marilena Chauí, na gestão da Secretaria do Audiovisual, durante o governo do Partido dos Trabalhadores, entre 2003 e 2014.

Por fim, o curso de Cinema e Audiovisual prevê também que o Projeto Experimental seja realizado sob a forma de memorial. Este é o caso do trabalho de Iulik Lomba de Farias, orientado pelo Prof. Sérgio Santeiro. Seu memorial aborda sua participação em ação de extensão da UFF nas escolas indígenas Guaranis de Mato Grosso do Sul e, dessa forma, reflete sobre a educação escolar indígena e o papel do audiovisual nesse processo.

Boa leitura!

 

Os editores


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