Editorial - Monografias 2019.1
Resumo
v. 12, n. 20 (2021)
Rascunho # 12 - Monografias 2019.1
A Revista Rascunho, mais uma vez, traz uma coletânea dos melhores trabalhos de conclusão dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Cinema e Audiovisual. A seguir apresentamos as monografias selecionadas em 2019.1, desejando a todos uma ótima leitura.
Luísa Bilard Sicherle discorre sobre os filmes “As aventuras de Pedro Malasartes” (1960), “A tristeza do Jeca” (1961), “No paraíso das solteironas” (1969) e o “O corintiano” (1966) na monografia intitulada “Cinema e memória: O imaginário caipira a partir de Mazzaropi”.A autora identifica os símbolos representados pelo diretor brasileiro através de suas principais referências. A pesquisa também aponta as contradições experimentadas pelos sujeitos caipiras diante do êxodo rural no Brasil durante a segunda metade do século XX. Por fim, a pesquisa demonstra como essas representações permanecem presentes nas novas peças culturais produzidas em São Luís do Paraitinga (SP), uma das maiores inspirações e cenários de Mazzaropi.
Matheus Bizarrias Coutinho, em sua pesquisa “Atuação no cinema brasileiro contemporâneo. Um estudo sobre a estética da espontaneidade e sua presença em ‘Boi Neon’” observa uma tendência de rompimento com o naturalismo na produção de filmes na atualidade. A proposta de Matheus é entender a mudança estética no cinema contemporâneo, que rompe com o naturalismo da atuação e potencializa as possibilidades do corpo e da individualidade do ator promovendo o que o autor chamou de vivência de cena.
Com um texto que flerta com o ensaísmo, Lívia de Paiva Rodrigues em “As histórias de dentro da bolsa. Análise da Construção de ‘Tremor Iê' a partir do texto ‘A teoria bolsa de ficção’ de Ursula K. Le Guin” reflete sobre formas de contar histórias e como elas se relacionam com os conteúdos que trata. Lívia parte das imagens de lança e da bolsa para identificar elementos diversos, contraditórios e não totalizantes das narrativas contornando a ideia de eixo linear causal. Como ilustração da prática narrativa-bolsa, a autora traz o filme “Tremor Iê” (2019) no qual atuou como parte do coletivo idealizador.
“Festival de Chorume. Novas experiências sensoriais e reconfigurações espaciais através da reflexão do experimentalismo amador no audiovisual” de Rafael Mendes retraça a trajetória de uma proposta fílmica que nasceu entre um grupo de estudantes no Curso de Cinema e Audiovisual da UFF e que se transformou em uma mostra de obras experimentais-amadoras de várias procedências. O conceito experimental-amador recobre a ideia de que os trabalhos sejam realizados despretensiosamente, sem objetivos mercadológicos e que se lancem para a pura experimentação de linguagem.
“Castelo Rá Tim Bum encontra uma nova geração” de Luciana Melo Carvalho e Silva aborda um dos maiores sucessos infantis da TV brasileira realizado por uma emissora pública, a TV Cultura, que prioriza projetos educativos e culturais. O trabalho se originou da curiosidade de entender como as crianças de hoje reagem ao programa, pois Castelo Rá-Tim-Bum está no ar há muito anos. A autora realizou uma pesquisa de recepção com espectadores mirins e traz hipóteses e questões que podem ampliar a discussão sobre o audiovisual brasileiro.
Adriana de Oliveira Fonseca Sally, na monografia “Fantasmas no cinema de Philippe Garrel: Uma análise dos filmes ‘A Fronteira da Alvorada’ e ‘Inocência Selvagem''' investiga a maneira como os personagens e os elementos cênicos são dotados de qualidades fantasmagóricas. Esta característica é principalmente observada nos dois filmes analisados, mas se apresenta como uma marca na filmografia do diretor francês estudado.
Em “Pornografia gay e racismo: a representação e o consumo do corpo amarelo na pornografia gay ocidental”, Hugo Katsuo Othuki Okabayashi aponta como a ideia de racialização do homem amarelo foi construída a partir de imagens e esteriótipos e do conceito emasculação. O autor também se preocupa em estudar a representação e o consumo deste corpo na pornografia gay ocidental partindo das dinâmicas de desejo e desejabilidade dentro do grupo gay, mas afetado pela crise identitária da branquitude nos dias de hoje.
Ariadine Leitão Zampaulo faz um importante mapeamento sobre a produção cinematográfica em Moçambique em “Qual é a cena? Panorama do cinema moçambicano atual”. A monografia delineia o contexto histórico e social em que tais filmes foram realizados. A autora apresenta entrevistas realizadas com diversos profissionais e estudantes de cinema na cidade de Maputo em 2018. Aos relatos dos entrevistados se sobrepõem às impressões pessoais de Ariadine, que esteve em intercâmbio estudantil na África Austral.
“A construção visual da representação de futuro em 'Ela''' de Mariana Faria da Silva analisa os cenários, os figurinos, as paletas de cores e o design dos objetos para entender como o filme de Spike Jonze cria uma ambientação que nos remete a um futuro próximo, mas sem descartar referências passadas. Mariana observa que a estética adotada no filme dialoga com sua narrativa apresentando elementos de tecnologia futurística, mas inseridos em um tempo familiar ao espectador.
Shayen Esteves Vorperian em “O discurso Choose Life através da ótica da felicidade: De Freud e da moralidade de Nietzsche” se apoia na filosofia para entender o monólogo inicial de “Trainspotting”(1996) . Shayen também busca contextualizar o filme tanto do ponto de vista histórico como social sem perder a relação com o público do longa-metragem. O discurso em questão é a base para as discussões do indivíduo versus a sociedade, e como ele se relaciona com a mesma.
Marina Constaza Lopes Pavez discute em “Um estudo em fandom: Análise da relação de memória estabelecida entre o fandom do seriado britânico ‘Sherlock’ (2010) e o fandom de Sherlock Holmes” a relação entre a narrativa seriada e o texto que deu origem às aventuras do mais conhecido detetive no mundo. O trabalho analisa como o seriado britânico lidou com a memória do cânone e com o fandom sherlochiano em suas escolhas de adaptação e como ela afetou o grupo de admiradores diante da rememoração do livro na ocasião da suposta morte de Sherlock Holmes.
Boa leitura.
Elianne Ivo, Índia Mara Martins
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